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Cuidar bem de uma ferida envolve entender como o corpo cicatriza e escolher o curativo certo para cada situação. A cicatrização é um processo natural do organismo, e os curativos têm um papel importante em ajudar e proteger essa recuperação. Neste artigo, vamos entender como a cicatrização acontece, como os curativos funcionam, quais são os tipos mais comuns e em que situações cada um é indicado.
A cicatrização é o jeito natural do corpo de consertar uma ferida. Esse processo acontece em fases, e cada uma tem sua função para ajudar a proteger e recuperar a pele machucada. Vamos ver cada fase e como a Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) ajuda em cada uma delas:
Fase Inflamatória: começa logo que ocorre a lesão. Primeiro, o corpo forma uma "casquinha" (um coágulo) para proteger a ferida contra infecções. Isso é feito com ajuda de células chamadas plaquetas. Substâncias como histamina e serotonina são liberadas, e por isso a área pode ficar quente e inchada. Isso mostra que o corpo está enviando mais sangue e células para ajudar na defesa e na cicatrização. Essa fase dura em torno de três dias.
Como a OHB pode ajudar:
Ao aumentar o nível de oxigênio no sangue, a OHB ajuda as células de defesa a combaterem infecções com mais eficiência, reduzindo o risco de complicações e preparando o terreno para a regeneração.
Fase Proliferativa: após a fase inflamatória, o corpo começa a reconstruir a área machucada. Essa fase tem três passos principais:
Formação de Vasos: Novos vasinhos de sangue crescem para levar nutrientes e oxigênio, ajudando a cicatrização.
Fibroplasia: Células chamadas fibroblastos produzem colágeno, uma proteína importante que dá força à pele nova. Esse processo começa por volta do terceiro dia e pode durar até três semanas.
Epitelização: As células da pele se multiplicam para cobrir a ferida, criando uma camada que protege o local.
Matriz Extracelular: O corpo forma uma "base" (a matriz) de proteínas que ajuda a dar sustentação para a pele e os vasos que estão se formando. Ela serve de "andaime" para fortalecer a cicatrização.
Como a OHB pode ajudar:
Facilita a formação de novos vasos sanguíneos (neo-angiogênese) ao redor da ferida, garantindo que nutrientes e oxigênio cheguem com mais facilidade ao tecido que está se formando. Isso acelera a produção de colágeno e a regeneração da pele, fortalecendo a base para a cicatrização.
Fase de Maturação: na última fase, o corpo vai reforçando a pele que se formou. Esse processo começa três semanas depois da lesão e pode durar meses ou até anos.
Contração da Ferida: A cicatriz vai encolhendo conforme a pele ao redor se ajusta, tornando-a menor e mais firme.
Remodelação: O colágeno na ferida se reorganiza para dar mais resistência. Embora essa pele nova não seja tão forte quanto a original, ela fica com cerca de 70-80% da resistência da pele normal.
Como a OHB pode ajudar:
Durante essa fase, a OHB melhora a qualidade do colágeno que se forma na ferida, tornando o tecido cicatrizado mais resistente e menos vulnerável a novas lesões.
As feridas podem cicatrizar de três jeitos, dependendo do tipo de ferida e se há infecção.
Primeira Intenção: quando as bordas da ferida são unidas, geralmente com pontos, e há pouca perda de pele. A cicatrização é rápida, deixando uma cicatriz pequena.
Segunda Intenção: quando há perda de pele ou infecção, as bordas não podem ser fechadas logo. A cicatrização acontece de baixo para cima, com a pele nova se formando aos poucos.
Terceira Intenção: esse tipo acontece quando há infecção e é preciso limpar a ferida antes de fechá-la. Depois que a infecção passa, as bordas são fechadas para completar a cicatrização.
Essas fases e tipos de cicatrização são o jeito do corpo de curar feridas e proteger contra complicações futuras.
Um curativo é muito mais do que apenas uma proteção física para a ferida. Ele tem várias funções importantes:
Manter a ferida úmida: Ao contrário do que se acreditava no passado, deixar a ferida exposta ao ar nem sempre é a melhor opção. Um ambiente úmido ajuda a acelerar a cicatrização, permitindo que as células da pele se movam e cresçam mais facilmente.
Proteger contra infecções: Um bom curativo cria uma barreira contra bactérias e outros contaminantes, prevenindo infecções.
Controlar o exsudato: O exsudato é o líquido que algumas feridas produzem durante o processo de cicatrização. Curativos bem escolhidos absorvem o excesso desse líquido, mas sem deixar a ferida seca demais, o que também seria prejudicial.
Promover a cicatrização: Alguns curativos contêm substâncias que ajudam a limpar a ferida ou até mesmo estimulam o crescimento celular, acelerando a recuperação.
O curativo ideal deve apresentar algumas características que ajudam a garantir uma cicatrização mais rápida e segura. Embora nem todos os curativos sejam perfeitos, o curativo ideal deve:
Manter a umidade: Ele deve absorver o excesso de exsudato, mas manter a ferida úmida o suficiente para promover a cicatrização.
Proteger contra infecções: Criar uma barreira que impeça a entrada de bactérias e outros contaminantes.
Evitar a maceração: A pele ao redor da ferida não deve ficar excessivamente molhada, pois isso pode causar mais danos ao tecido saudável.
Adaptar-se à forma da ferida: O curativo deve ser moldável, cobrindo bem a ferida e eliminando qualquer espaço morto, o que ajuda a evitar infecções.
Facilitar a troca: Ele deve ser fácil de trocar, sem causar dor ou prejudicar o tecido novo que está se formando.
Ser econômico e acessível: Além de eficiente, o curativo ideal deve ser acessível financeiramente e disponível no mercado.
Nem sempre é possível encontrar todas essas características em um único curativo, mas o objetivo é escolher aquele que atende ao máximo de critérios, de acordo com o tipo de ferida e as necessidades do paciente.
Os curativos são divididos em diferentes categorias, de acordo com sua função e o tipo de ferida que tratam. Vamos conhecer os principais tipos.
1. Curativos Abertos
Os curativos abertos são os mais simples e geralmente consistem em gaze umedecida com soro fisiológico. Este tipo de curativo tem a vantagem de ser barato e fácil de usar, mas deve ser trocado frequentemente, o que pode causar desconforto e até atrapalhar a cicatrização. A gaze seca pode grudar na ferida, removendo não só as impurezas, mas também o tecido novo, o que atrasa a recuperação.
Esse tipo de curativo é indicado em feridas que ainda estão muito contaminadas ou precisam de trocas frequentes para manter a área limpa.
2. Curativos Semiabertos
Os curativos semiabertos são gaze impregnada com pomadas, como a base de parafina ou antibióticos, que ajudam a manter a ferida úmida e facilitam a cicatrização. Eles são mais avançados que os curativos abertos, mas ainda têm algumas limitações. Eles não conseguem controlar muito bem a quantidade de líquido (exsudato) da ferida, o que pode causar maceração (quando a pele ao redor da ferida fica muito molhada).
São usados em feridas que precisam de proteção e de um ambiente mais controlado de umidade, mas que não produzem muito exsudato.
3. Curativos Semioclusivos
Os curativos semioclusivos são mais modernos e podem ser feitos de filmes (películas), espumas, alginatos, hidrogéis, hidrocoloides e hidroativos (hydroactive). Eles são desenhados para manter o ambiente da ferida úmido e proteger contra a entrada de bactérias, ao mesmo tempo que permitem que o oxigênio e outros gases entrem e saiam, o que facilita a cicatrização.
Cada tipo de curativo semioclusivo tem uma função específica:
Películas: São finas e transparentes, permitindo a visualização da ferida sem precisar remover o curativo. Elas são indicadas para feridas com pouca ou nenhuma produção de exsudato, como pequenas lacerações e cortes.
Espumas: São feitas de materiais que absorvem bem o exsudato. Essas espumas são indicadas para feridas que produzem uma quantidade moderada ou grande de líquido, como úlceras de pressão e feridas cirúrgicas abertas.
Alginatos: Feitos a partir de algas marinhas, esses curativos são indicados para feridas que produzem muito exsudato. Eles formam um gel quando entram em contato com o líquido da ferida, mantendo-a úmida e facilitando a cicatrização. O alginato também ajuda a estancar pequenos sangramentos.
Hidrogéis: Compostos principalmente de água, são ótimos para feridas secas ou muito dolorosas, como queimaduras leves. Eles resfriam a área, proporcionando alívio e mantendo a ferida úmida, essencial para a cicatrização.
Hidrocoloides: São feitos de substâncias que formam um gel em contato com o exsudato da ferida. Eles ajudam a manter um ambiente úmido, retendo o líquido e protegendo contra contaminação externa. Os hidrocoloides também promovem um tipo suave de desbridamento (remoção de tecidos mortos), facilitando a cicatrização. São indicados para feridas com quantidade moderada de exsudato e para casos em que o paciente precisa de um curativo que pode ficar vários dias sem trocas frequentes.
Hydroactive (Hidroativos): São curativos sintéticos mais recentes que combinam as propriedades de espumas e géis. Eles absorvem seletivamente o excesso de exsudato da ferida, enquanto deixam para trás proteínas e fatores de crescimento necessários para a cicatrização. Esses curativos são indicados para feridas com exsudato moderado a abundante e ajudam a manter um ambiente de cicatrização ideal. Sua vantagem é que eles não precisam ser trocados com tanta frequência, minimizando o desconforto para o paciente.
Esses curativos são mais caros, mas suas vantagens incluem menos trocas, o que diminui a dor e o desconforto do paciente, além de uma cicatrização mais rápida.
A escolha do curativo adequado depende de vários fatores, como o tipo de ferida, a quantidade de exsudato que ela está produzindo, o estado geral da pele ao redor da ferida e a fase em que a cicatrização se encontra.
Feridas secas precisam de curativos que tragam umidade para o local, como os hidrogéis.
Feridas com exsudato (líquido) abundante precisam de curativos absorventes, como as espumas e os alginatos.
Feridas superficiais ou que requerem monitoramento frequente podem ser cobertas com películas transparentes, que permitem visualizar a cicatrização sem a necessidade de trocas frequentes.
Além disso, é importante considerar o conforto do paciente. Trocas muito frequentes podem ser dolorosas, e alguns curativos têm características que ajudam a minimizar a dor, como aqueles que não aderem ao tecido em crescimento.
Existem ainda curativos que têm propriedades especiais, como:
Curativos impregnados com prata: A prata é conhecida por suas propriedades antimicrobianas e pode ajudar a combater infecções em feridas contaminadas.
Curativos com mel medicinal: Usado desde a antiguidade, o mel possui propriedades antibacterianas e ajuda a criar um ambiente úmido, ideal para a cicatrização.
Esses curativos especiais são utilizados em casos mais específicos, como em feridas infectadas ou que apresentam maior risco de contaminação.
Os curativos são uma parte essencial do tratamento de feridas, e entender suas funções e variações pode fazer toda a diferença no processo de cicatrização. Escolher o curativo certo não só ajuda a acelerar a recuperação, mas também melhora o conforto do paciente e previne complicações, como infecções ou feridas crônicas. É sempre importante seguir as orientações de um profissional de saúde para garantir que o curativo escolhido seja o mais adequado para o tipo e estado da ferida.